A necessidade de pacerias entre os poderes público, sejam a administração central e as autarquias, e o privado, considerando os comercializadores de produtos e os agentes da logística urbana, foi enfatizada pelo presidente da APLOG, Raúl Magalhães, ao contextualizar o tema central da 4ª Conferência daquela associação, "Cidades & Logística", realizado hoje em Lisboa.
Fazendo menção às novas realidades, como a transição energética e a sustentabilidade, num contexto difícil de explosão demográfica nos grandes centros urbanos, também do aumento exponencial do ecommerce, e o custo cada vez mais elevado de espaços para a criação de hubs de distribuição e a escassez de estacionamento e locais de descarga para as viaturas, Raúl Magalhães alertou para a premência da digitalização das empresas, tido como "o fator e ferramenta fortes que abrirá portas à necessária colaboração entre os vários agentes do setor."
Para Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, a logística urbana "tem capacidade de servir mais e melhor a sociedade e assegurar uma melhor sustentabilidade das operações de abastecimento em espaço urbano, uma vez que é, de um modo geral, responsável por 20 a 30% das situações de congestionamento das áreas urbanas, produzindo impactos negativos em termos de emissões, de ruído, segurança e tráfego."
Citando passagens de um estudo de 2019 sobre mobilidade urbana, aquele governante destacou que os veículos de mercadorias têm um tráfego desproporcionado para o ambiente face aos demais veículos, pois representavam 15 e 25% de todos os quilómetros percorridos, ocupavam entre 20 e 40% de todo o espaço rodoviário e contribuíram com 20 a 40% das emissões de CO2, fazendo acrescer para 28% o valor total dos gases com efeito de estufa da responsabilidade do total do setor rodoviário português, sendo que 35% deste valor foi originado pela logística, e em particular dos veículos comerciais ligeiros e pesados.
"Tendo em conta que a concentração das atividades económicas e da população das cidades está a aumentar, ainda que gere forte desenvolvimento social e económico, o que é positivo, são fenómenos que apresentam novos desafios para a distribuição de mercadorias", disse Jorge Delgado, rotulando de urgente a discussão de tais assuntos.
O secretário de Estado apontou três desafios: estrutural, dada a complexidade operacional da logística urbana e da fragmentação do setor; a propriedade, seja ela pública ou privada e a necessidade de partilhar responsabilidades sobre a questão das emissões; económico-técnico, sobre a disponibilidade no mercado de veículos sem emissões a preços competitivos e a participação que ferrovia pode ter. E terminou com o lançamento de um mais desafios, pela mudança de conceitos e a necessidade de partilha de centros de distribuição por diversos operadores, criando parcerias, aproveitando sinergias, partilhando custos e com mais utilização de veículos com zero elétricos.
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