"Somos uma equipa coesa"

27 junho 2019

Um ano depois de ter assumido o cargo de country manager na MAN, a Revista Eurotransporte entrevistou David Carlos para um balanço do trabalho na sua nova casa e saber o que podemos esperar da insígnia do leão nos pesados para 2019.

David Carlos, Country Manager MAN

Foi em Janeiro de 2018 que David Carlos abraçou um novo projecto na MAN, delineando o percurso do fabricante alemão em terras lusas. Conhecedor deste sector, onde trabalha desde 2005, tendo passado já por outras marcas de pesados, assumiu funções com o foco a centrar-se na equipa que lidera e nos clientes, que considera “o mais importante do negócio”.

Eurotransporte: Faz agora um ano que abraçou um novo projecto na MAN. Como é que foi a adaptação à nova casa?

David Carlos: A adaptação foi extremamente fácil, no sentido que o core business é exactamente o mesmo. O que muda são as equipas e as pessoas que constituem as empresas. Fui extremamente bem recebido, não só localmente, como também pelos colegas no Headquarter. Passado um ano, tenho as melhores impressões daquilo que é o projecto MAN, bem como das pessoas que aqui trabalham.

Quais eram os objectivos iniciais?

Um pouco em antagonismo àquilo que é tradicional, os objectivos iniciais não eram fazer volume e vender muito, mas sim de­senvolver uma estratégia sustentável para a MAN para os próximos anos. Passado um ano não se pode dizer que esteja concretizado, mas sinto que estamos no bom caminho.

Depois de um ano de trabalho, o que consi­dera que trouxe de mais-valia para a MAN?

Não me focando especificamente em nú­meros, porque os números são oficiais e estão reportados, acho que a mais-valia que consegui trazer à organização foi alguma coesão dentro da equipa. Temos duas áreas de negócio que têm características diferentes: o wholesale e o retalho. Isto muitas vezes não é fácil, porque numa há uma relação directa com o cliente final, quer em vendas quer em pós-venda, e noutra gerimos a nossa rede de concessionários e de oficinas autorizadas. Nesse sentido, acho que se conseguiu uma equipa ligeiramente mais coesa, mais preparada e acho que estamos todos em alerta suficiente para que o futuro da empresa não se meça por aquilo que se faça este ano, mas por aquilo que será feito nos próximos anos.

 

David Carlos, Country Manager MAN

Em 2018 cimentaram um novo produ­to, a TGE. Como tem sido a aceitação no mercado?

É um sucesso. Os clientes têm-nos dado um feedback fantástico. Como é um produto em fase de ramp-up, não nos permitiu estar completamente disponíveis quer em capaci­dade produtiva, quer em todos os modelos e variantes do nosso mercado. Mas em 2018, em termos de volume, ultrapassámos aqueles que eram os objectivos definidos. Fizemos um excelente ano, mas temos um desafio muito grande para 2019 e 2020, em que vamos ter que duplicar o nosso volume de vendas em Portugal. Acredito que o negócio dos comer­ciais ligeiros seja extremamente interessante para uma marca de camiões como a MAN. Hoje o cliente da área dos comerciais ligeiros profissionalizou-se e compra com todos os serviços que estão associados também aos camiões: extensões de garantia, contratos de manutenção, financiamentos, rentings, créditos, soluções feitas à medida. Nesse sentido, ser uma marca de camiões com comerciais ligeiros é uma vantagem para nós e para os nossos clientes. Não esquecendo também que a nossa rede de assistência é dedicada a transportes e viaturas de profissionais, logo o nosso primeiro objectivo é satisfazer o cliente no mais curto espaço de tempo possível porque sabemos que o carro é uma ferramenta de trabalho.

Quais os principais destaques nos diferen­tes segmentos de camiões e autocarros?

Em autocarros estamos a atravessar um período extremamente bom, quer do ponto de vista de volume quer de quota de merca­do, com as entregas de autocarros à Carris, ao STCP e este ano vamos também iniciar a entrega à Câmara Municipal do Barreiro. Temos muitos desafios, porque grande parte destas viaturas são transformadas por carroça­dores e transformadores portugueses. Temos produtos a ser lançados no mercado, como o Lion’s City, em que temos uma solução de autocarro pronto de fábrica, com uma lógica completamente diferente da que o nosso mercado está habituado.

No que diz respeito aos camiões, o ano passado fizemos algumas alterações den­tro da cabine do TGX e este ano vamos continuar a ter algumas alterações subtis. Estamos totalmente preparados para os tacógrafos inteligentes e para o Euro IV D. Até agora, os testes efectuados com o Euro VI D deixam-nos extremamente orgulhosos no que diz respeito a reduções de consumo de combustível, entre 3 e 5%. No que diz respeito à implementação do tacógrafo inte­ligente no nosso mercado, estou ligeiramente expectante. Estamos solidários com os nossos clientes, queremos perceber como é que vai acontecer a fiscalização, se existem ou não os respectivos sistemas de leitura, se vai ter algum efeito prático ou não ou se estamos só a falar de mais um passo tecnológico interessante e importante mas que não tem uma mais-valia associada.

A MAN terminou o ano em 6.º lugar no ranking, com 553 unidades vendidas. Que balanço fazem de 2018?

Em termos da nossa posição no ranking de vendas não é uma preocupação, nem nunca foi. A prioridade é prestar um serviço de excelência aos nossos clientes, adaptar a nossa realidade e a nossa organização de forma a que consigamos ter um negócio sustentável, quer com as vendas de viaturas novas, quer de usadas. Em termos de volume fizemos aquilo que é mais importante, que foi cumprirmos com o que nos tinha sido proposto.

A plataforma RIO foi também uma das apostas recentes da MAN. Que papel terá esta solução de telemática no futuro do sector dos transportes?

Acreditamos que com a plataforma RIO vamos conseguir ser um parceiro global de fornecimento de serviços, em que não só apoiamos aquilo que é o nosso core business, que é a produção de viaturas, como também apoiamos os nossos clientes numa cadeia de fornecimento e de gestão. A plataforma é desenvolvida numa óptica de utilizador e não de fabricante de camiões. Estamos a dar os primeiros passos mas estamos convencidos que estamos no caminho certo.

David Carlos, Country Manager MAN

Na compra de um veículo, o que é que pesa mais: o produto ou o serviço?

O investimento no camião não deveria ser pelo valor do investimento no próprio produto, mas sim pela soma de todos os serviços. Nos últimos anos o investimento é medido pelo custo quilométrico na equação preço de venda, menos valor residual, mais contrato de manutenção e reparação, em que o X é o valor de combustível. Acho que esta equação tem de ter mais algumas incógnitas, que no futuro têm de ser desvendadas. E aí sim, vamos caminhar para uma venda de serviço completo, em que é assegurado um verdadeiro custo de quilómetro. As novas tecnologias vão-nos ajudar a ter uma oferta de um serviço em que somos assertivos o suficiente naquilo que é o custo de explo­ração da viatura.

Um dos temas quentes neste sector é o dos combustíveis alternativos. Como é que a MAN se está a posicionar em relação a este assunto?

A nossa aposta é no eléctrico e nos autocar­ros mantemos uma produção de viaturas a Gás Natural. Temos o lançamento do CitE, o exponencial máximo de um camião eléc­trico, mas a electrificação dentro do Grupo Volkswagen, e especialmente dentro da MAN, já é uma realidade. Este ano já temos a TGE eléctrica e nesse sector temos pura convicção que o mercado se vai desenvolver rápido.

E quanto ao futuro do transporte, passará pelo platooning?

Não direi que será o futuro, mas sim um passo intermédio associado à condução autónoma. Creio que é uma forma muito eficiente de reduzir custos, de reduzir a poluição e que será uma realidade para 2030.

Que novidade está a MAN a preparar para 2019?

Vamos ter algumas novidades para o final do ano, mas para já não podemos adiantar.

Quais as expectativas de mercado para este ano?

Se essa pergunta me tivesse sido feita em Dezembro, tinha uma opinião. Mas os meses de Janeiro e Fevereiro foram os primeiros dois meses em que o mercado caiu consecutiva­mente nos últimos cinco anos. Se somarmos a isso que supostamente já deveríamos estar numa curva descendente de mercado, prova­velmente vamos ter um problema. Mas não estou pessimista. As nossas previsões para este ano são para um mercado ligeiramente inferior em relação ao do ano passado, com uma redução de 5%.

 

Dez coisas que talvez não saiba sobre David Carlos

1 - No 3.º ano fez de Pai Natal numa peça de teatro

2 - Desportos favoritos: stand up paddle, BTT e corrida

3 - Música: rock revival dos anos 80 e techno house

4 - Filme: Top Gun

5 - Livro: Como fazer as pessoas gostarem de si em 30 segundos

6 - Concerto de eleição: Rag’n’Bone Man

7 - Outra profissão: Veterinário

8 - Lema de vida: o céu é o limite

9 - Brincadeiras com os filhos de 5 e 12 anos: jogar futebol e montagem de Legos

10 - Daqui a 20 anos tem como objectivo de vida ser agricultor

 

*Texto originalmente publicado na Edição n.º 109 da Revista Eurotransporte


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