Exide Technologies: A acumular energia há quase 100 anos

24 outubro 2017

A Exide Technologies - para muitos ainda conhecida como Tudor - acaba de comemorar 97 anos no negócio das baterias em Portugal e está concentrada em continuar a defender o meio ambiente e promover a entrega de baterias usadas em locais próprios.

Amílcar Nascimento é o responsável comercial e de marketing da Exide Technologies em Portugal

Amílcar Nascimento, responsável comercial e de marketing da empresa em Portugal, falou à Eurotransporte sobre a história da Exide e os projectos para o futuro.

Tudo começou com a reconhecida marca Tudor, a 1 de Julho de 1920. Era, na altura, apenas um pequeno escritório e armazém na baixa de Lisboa, com a primeira fábrica inaugurada no Dafundo, crescendo em 1950 para aquela que é a actual unidade de produção em Portugal, localizada em Castanheira do Ribatejo. A globalização acontece em 1998, quando o grupo Exide adquire a Tudor, para depois, em 2006, adoptar definitivamente o nome de Exide Technologies em toda a Europa. Actualmente, para além da fábrica, a Exide conta ainda com um armazém na região do Porto, empregando cerca de meio milhar de trabalhadores em Portugal.

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Amílcar Nascimento, responsável comercial e de marketing da Exide Technologies em Portugal, afirma que "uma das coisas de que nos orgulhamos é de podermos dizer que, felizmente, temos o pacote completo. Temos desde o desenvolvimento, à produção, à comercialização, à recolha e à recuperação das baterias usadas, portanto, nós abrimos e fechamos o processo". Se juntarmos as áreas das baterias de arranque e das baterias industriais, a Exide é, em termos mundiais, o maior fabricante de acumuladores eléctricos; já na área das baterias automotivas, o grupo é  o segundo produtor a nível mundial. É nesta matéria que estão "sempre na linha da frente, a trabalhar com os fabricantes automóveis para desenvolver os produtos mais evoluídos, para acompanhar a evolução do que é necessário nos automóveis. Fomos pioneiros nas baterias EFP e AGM, tudo de acordo com as necessidades que vinham dos fabricantes de automóveis para as novas tecnologias", garante Amílcar Nascimento.

 

StrongPro - Resistência obrigatória

strongPRO_cut_3D_tudor para site

A evolução dos camiões, com a implementação dos tanques de AdBlue em respeito da norma Euro 6, levou a que muitos dos fabricantes tenham deslocado as baterias para o eixo traseiro dos veículos, onde estão sujeitas a uma maior vibração. A bateria StrongPro é a resposta da Exide a este problema, devido ao sistema HVR (High Vibrations Resistance), capaz de resistir às fortes vibrações que se fazem sentir no eixo traseiro e que podem causar falhas numa bateria comum. "A nossa bateria foi uma das primeiras no mercado a conseguir cumprir os testes de vibração V4 da nova norma europeia EN 50342-1 (2015)", diz o responsável, que explica que "o problema é conseguirmos convencer o dono do veículo a investir mais dinheiro numa bateria ainda que o vá recuperar em termos operacionais. Com esta nova tecnologia HVR e com os aditivos que foram colocados na bateria, esta vai ter mais ciclos de vida, maior resistência e vai proporcionar uma economia superior aos gestores de frotas e aos proprietários dos camiões".

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A aceitação em Portugal da nova StrongPro é que nem sempre é fácil e Amílcar Nascimento explica porquê: "Temos alguma dificuldade em implementar logo com muito sucesso estas novas tecnologias, porque o nosso parque de camiões tem alguma idade e grande parte dos veículos já são em segunda mão. Para os camiões que já vêm com a bateria no chassis traseiro é fácil, para os outros é mais difícil convencê-los de que terão vantagens em utilizar esta bateria, é preciso fazer muitas contas, explicar quanto custa a paragem e a manutenção do veículo... é mais difícil, mas pouco a pouco acho que as pessoas vão começando a preferir este tipo de bateria, porque traz economia para os detentores das frotas e dos veículos pesados".

O grupo Exide conta actualmente com seis marcas principais: Exide, Tudor, Fulmen, Deta, Centra e Sonnak, quatro comercializadas em Portugal, "trabalhamos em força com a Tudor, que é a nossa principal marca, vamos lançar agora a Exide, para aproveitar a notoriedade e o reconhecimento que o nome já tem no mercado e dar-lhe mais ênfase. Temos a Fulmen, que usamos com dois ou três distribuidores e a Depta que também comercializamos". Sobre a influência da crise nas opções dos clientes, Amílcar Nascimento acredita que "tem prejudicado um pouco a implementação das «first brand», embora os distribuidores estejam a tentar lutar contra isso, porque sabem perfeitamente que têm melhores resultados trabalhando com produtos de maior qualidade do que com produtos de qualidade inferior. Temos de pensar que sempre que se compra um produto de qualidade inferior, podemos correr o risco de em pouco tempo ele nos ser devolvido em garantia e é mais uma venda que perdemos, o lucro vai embora. A crise dá para os dois lados, há os que pensam que é melhor investir na qualidade e há os que têm que ir pelo preço barato, infelizmente".

Mercado em crescimento

Logotipo exide

Na fábrica de Castanheira do Ribatejo, 97% da produção é exportada, mas importa frisar que 95% dessa produção não se trata de baterias para a área automotiva, mas sim para a parte industrial, onde o grupo se divide em três segmentos de negócio, quer sejam as baterias «motive», para equipamentos de tracção eléctrica como os empilhadores ou os porta-paletes; as baterias estacionárias, que servem para suportar possíveis falhas de energia em hospitais, centrais telefónicas ou estações nucleares, por exemplo; bem como as baterias militares, para submarinos e carros de militares, entre outros.

Segundo Amílcar Nascimento, o mercado está "apetecível, todos crescemos, embora haja diferenças, a meu ver, derivado à nova distribuição que obrigou muita gente a readaptar-se. É um mercado bastante concorrencial. Neste momento estamos com 31,6%, 31,7% de market share. Temos tido o nosso crescimento bastante consolidado ao longo dos anos. A crise de Angola foi terrível para qualquer um dos operadores em Portugal e nós também sofremos, mas tirando isso, no mercado nacional e nos mercados europeus, foi um ano bom para o grupo Exide. O grupo conseguiu consolidar as suas posições e ganhar quota de mercado a nível geral".

"Parte das oficinas vai fechar com a introdução do veículo eléctrico"

No entender de Amílcar Nascimento, o caminho no sentido de um parque automóvel maioritariamente eléctrico pode levar a que muitas oficinas desapareçam, "porque querem fazer esse trabalho que é mais tecnológico, vai exigir muito mais e o negócio como o conhecemos não fará muito sentido, pois deixa de haver consumo de óleo e de uma série de componentes, há pouca coisa que se possa fazer". E até o próprio negócio de reposição de baterias estará condenado, pois "se olharmos para o custo do veículo eléctrico (VE) e o custo da bateria no VE, estamos a falar em 70%. Ora, se o tempo de vida útil de uma bateria num VE, segundo o que sei, é entre os 8 e os 12 anos, a pergunta é muito simples: se tiver um veículo com dez anos, troca a bateria ou troca de veículo?", questiona, adiantando que "devemos continuar a defender a questão das emissões, isso está fora de questão, mas consegue-se fazê-lo sem o radicalismo de mudar tudo para eléctrico. Quando tivermos o problema da autonomia resolvido, vai ser bom, como é lógico, mas para muitos dos operadores do mercado vai ser mau, digo eu. Mas até que isso aconteça ainda vai correr muita água debaixo da ponte, porque o motor a combustão vai continuar a desenvolver e a conseguir arranjar argumentos para se manter activo por muito tempo".

A importância da reciclagem

A Exide Recycling II é a única recicladora em Portugal e já existe há várias décadas. Amílcar Nascimento explica que "a Tudor, ou a Exide, sempre foi uma empresa com visão para a frente e há muito tempo que vimos que fazia todo o sentido ter uma empresa que reciclasse o nosso produto. Sempre houve uma obrigatoriedade dos comerciantes de baterias de recolher as baterias velhas, só que antigamente não se pagava por esse produto porque não tinha valor. Hoje em dia, a bateria é um produto que tem muito valor na retoma, porque é chumbo e o chumbo é caro. Actualmente, é mais fácil as pessoas irem entregar as baterias aos sítios correctos, para serem ressarcidas daquele valor que a bateria velha tem. Isso veio facilitar a reciclagem, é um bom serviço que se presta a todos".

Trata-se de um produto que pode ser reciclado a 99%, afirma o responsável comercial, "o bloco é polipropileno que se parte em pedaços, é moído e dá para fazer novo plástico, dá para aproveitar em várias situações. O interior das baterias é limpo, ficamos com o chumbo das armaduras que é fundido e depois são novamente feitas ligas de chumbo aproveitadas na produção de baterias. Aproveitamos o que reciclamos aqui e nas nossas outras fábricas a nível europeu. É uma mais-valia".

 

 


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