"Hoje exportamos engenharia para várias partes do mundo"
Quem o diz é Aguinaldo Azevedo, o country manager da Sener em Portugal, que falou à EUROTRANSPORTE sobre a história da empresa.
Motivados por um espírito questionador, pela preocupação de descobrir e pela paixão por inovar, a SENER conta já com 30 anos de actividade em Portugal. Desde 1991 para cá, tem crescido de forma sustentada, com o foco nos seu clientes e hoje, para além de continuar a afirmar-se em Portugal, exporta 60% da sua capacidade de engenharia lusa para várias partes do Globo.
Aguinaldo Azevedo é o “homem forte” da SENER em Portugal. Em entrevista à EUROTRANSPORTE confidenciou que o projecto do Metro do Porto foi um trabalho “apaixonante”, assim como nos explicou que a empresa está “bastante orgulhosa” por ter ajudado a transformar a mobilidade na Capital.
O que motivou a abertura dos escritórios da SENER em Portugal?
A SENER começou a desenvolver actividade em Portugal em 1991, colaborando com o Metropolitano de Lisboa na implementação de um plano de expansão que haveria de transformar totalmente a sua rede e melhorar significativamente a mobilidade na cidade de Lisboa. Esta colaboração aconteceu devido ao trabalho que a SENER vinha a desenvolver nos metros de Bilbao e de Valência, e que era do conhecimento do Metro de Lisboa.
Como evoluiu o escritório de Lisboa nestes 30 anos?
Com a participação no projecto do metro do Porto, consolidamos a imagem da SENER em Portugal como uma empresa muito tecnológica e sólida, na qual os clientes podiam confiar. Este património de confiança, conquistado junto dos nossos clientes, aumentou a nossa responsabilidade porque nos obriga a um esforço contínuo para o manter. Em 2008, numa altura em que se perspectivava um crescimento importante das infraestruturas baseado em modelos de parceria público-privadas, decidimos dar o salto com a aquisição da ENGIVIA, uma empresa de engenharia com experiência no sector das estradas, que complementava na perfeição as nossas capacidades em Portugal.
Mas a crise económica, que obrigou à intervenção da ‘Troika’ em Portugal, acabou por fazer moça na empresa!
Sim é verdade, tal como outros fomos atingidos pela crise económica que quase fez desaparecer o nosso mercado em Portugal, o que nos obrigou a reduzir drasticamente o quadro de pessoal e a habilitar os nossos profissionais com novas competências que nos permitissem abordar mercados internacionais. Hoje em dia, diferenciamo-nos por oferecer um tipo de engenharia muito tecnológica, por exemplo, integração de sistemas de transporte, a engenharia dos elementos mais tecnológicos das linhas, ou a direcção integral de projectos. Na última década especializamo-nos na ferrovia (tanto caminhos-de-ferro como metros), estradas e pontes, com capacidade para abordar projectos em qualquer parte do mundo.
Quer dizer que também “exportam” engenharia, é mesmo assim?
Exactamente. De facto, exportamos cerca de 60% do nosso trabalho - realizado por profissionais portugueses - para projectos a concretizar noutros países, tão díspares como Brasil, Canadá, México, Reino Unido ou Tanzânia.
Há possibilidade de que os projectos digitais façam também parte dos serviços da SENER em Portugal?
Temos consciência de que o futuro é a digitalização e que temos de acompanhar os nossos clientes na transformação digital e, por isso, estamos a preparar os nossos quadros para esse desafio. A empresa de engenharia que não inova acaba por morrer e na SENER estamos comprometidos com a inovação.
Qual balanço faz, tanto profissional como pessoal, destes 30 anos?
O facto de termos contribuído significativamente para a construção de infraestruturas que melhoraram a vida dos portugueses é um motivo de orgulho. Outro aspecto que destacaria é que conseguimos superar uma crise económica profunda, transformando-nos, e fomos capazes de aproveitar oportunidades que ela gerou. Essa resposta à crise permite-nos exportar hoje engenharia e talento portugueses para todo o mundo, o que é também motivo de enorme satisfação.
Gostaria de destacar algum projecto em especial?
Ao longo do tempo que levo na empresa, tive o privilégio de ter participado em projectos tecnicamente complexos e de grande relevância social, em vários países. Mas já que me pede para destacar um projecto, tenho que destacar o metro do Porto, a que dediquei vários anos da minha carreira, e que vivi desde o zero até à sua concretização.
Que perspectivas de futuro se abrem para SENER em Portugal?
Hoje as coisas mudam tão rapidamente que é muito difícil prever o futuro, mesmo a curto prazo.
No entanto, temos a expectativa de que os investimentos em infraestruturas previstos no PNI 2030 nos abra a possibilidade de um maior crescimento, sendo que temos certo que teremos que continuar a manter parte da nossa actividade virada para o exterior.