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S. José conquistou dimensão ibérica em todas as gamas de pneus

01 agosto 2024

De Cantanhede para o mundo, inequivocamente o líder da logística de pneus em Portugal e já no top-10 em Espanha, a S. José diz-se pronta para mais e melhor.

Com ética, que só assim se solidifica a confiança e o respeito dos clientes. Luís Aniceto, administrador da empresa, disse à EUROTRANSPORTE como a sustentabilidade sempre fez parte do ADN da firma e que a responsabilidade social tem sido uma forma de auxiliar a comunidade local.

A S. José Logística de Pneus é um mundo de pneus, de todas as formas e medidas, marcas e tipos de utilização. Ali repousam, em grande stock, cerca de 250 mil pneumáticos. O espaço é imenso, e mesmo
que ampliado em 2022 já começa a ser apertado. Luís Aniceto, administrador da empresa, explica as razões deste sucesso, uma realidade mesmo em contexto socioeconómico difícil.


Que dinâmica tem sido esta, que três anos depois de uma grande inauguração forçou a nova ampliação?
Passámos de instalações que já não nos deixavam crescer, que não nos deixavam armazenar mais, para podermos ter outra política e passar a adquirir mais produto.
A partir daquela inauguração, a empresa passou a ter disponibilidade física de armazenamento, o que lhe permitiu diversificar mais as medidas em oferta, passando a haver mais referências, e em todas as gamas. O incremento do stock permitiu-nos aumentar as vendas, ao mesmo tempo que o mercado entendeu muito bem o nosso crescimento, o que, por si só, criou uma nova dinâmica, a tal ponto que os clientes passaram a ver em nós uma empresa com uma dimensão já a nível ibérico e já não meramente local.
Alguns que não nos conheciam passaram a estar atentos à S. José, além de que, cinco meses após a inauguração das novas instalações entrámos numa pandemia, situação que mudou toda uma forma de
estar no mercado.

Como assim...
Com a quebra das cadeias de abastecimento, as fábricas pararam e deixaram de ter capacidade de fazer entregas no imediato. Como nós tínhamos stock abundante e encomendas programadas ficámos numa posição privilegiada no mercado e em condições de crescermos.
Tanto assim que, durante a pandemia e até ao início da guerra [na Ucrânia], foram os anos de maior crescimento para a empresa, algo que não era expectável de uma forma tão célere quando iniciámos o projeto de expansão.
Com o apoio prestado ao mercado, de maior proximidade com o cliente e pela capacidade de armazenamento e de oferta diversificada, os fabricantes viram nos distribuidores o seu melhor parceiro.
Esse movimento tem vindo a perpetuar-se com a guerra a Leste, que dificultou a chegada de matérias-primas à Europa para o fabrico de pneus. Dito assim, quem tinha pneus foi quem cresceu.
Isto permitiu-nos ter um crescimento fulgurante.


E daí a necessidade de mais espaço?
A grande diversidade de medidas e referências em stock requer mais necessidade de espaço de armazenagem. Assim, chegámos ao início de 2022 e tivemos que ampliar o armazém recentemente inaugurado. Não estava ainda no estirador, ainda que houvesse espaço para ampliação já consignado no projeto inicial. O nosso terreno tem 52 mil m2 e tem capacidade de construção de 50% (26 mil m2). Então avançámos com mais 5000 m2 cobertos, o que nos era permitido fazer em termos de geometria do lote. Três anos depois ganhámos mais uma nave e mesmo assim o que temos começa a ser curto para as necessidades.

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Assim dito, até parece que já começam a pensar numa terceira fase...
“Já está identificada uma saída para a questão. Há um anteprojeto para novas instalações em área contígua às atuais, que estava pensada para mais tarde.
Podemos construir, mas vamos aguardar pelo que vai acontecendo. A situação é complexa, o poder de compra não é o mesmo, e os investimentos têm que ser muito ponderados.


E a inflação, mexeu muito com os preços na origem?
Não só na origem, mas ainda mais no que se refere aos transportes, na Europa, e muito particularmente os que têm origem na Ásia, pois aumentaram bastante e isso reflete-se no preço final do produto. Nos anos anteriores a 2019 quase não houve subidas. Depois, a pandemia, a inflação e a guerra, a carência de transportes marítimos e o seu encarecimento – chegou a multiplicar por oito o valor do transporte – fizeram com que tivéssemos que imputar ao cliente tais aumentos, mesmo que, pela nossa parte, encurtássemos margens, pois não poderíamos ficar alheios a tais factos anómalos. Mas como melhorámos a performance, tal crescimento tem sido sustentado, e esta é a melhor forma de
dizer ao cliente que pode continuar a confiar em nós.


Durante essa fase mais crítica como se portou o mercado português?
Adaptou-se, com resiliência. Houve deslizamento do nível de produto em venda, naturalmente, como reflexo do poder de compra, do premium para o quality, deste para o budget. Reflexo destes últimos anos difíceis, iremos poder avaliar como vai estar a saúde das empresas e se vislumbram sustentabilidade para o futuro.

Nesse período mais difícil, Espanha, mais que nunca, lembrou-se da S. José?
Nos últimos anos temos estado em Espanha apenas no mercado agrícola, com a BKT. E ambos fomos fundamentais para o abastecimento do mercado para o ramo agrícola. Nunca parámos durante a pandemia e sem as nossas capacidades de armazenamento e fornecimento da fábrica teria havido falta de pneus em Espanha, para onde também trabalhamos em exclusividade com a BKT.
Os nossos distribuidores deram muito apoio, pelo que nunca faltaram os pneus à agricultura espanhola. Esse triângulo de fatores permitiram-nos a conquista de um importante share de mercado, para além da notoriedade que a marca granjeou.

Para o transporte rodoviário, em que ponto se encontra o mercado?
Somos líderes em turismo e agricultura e queremos crescer muito a nível de camião.
Aliás, está no nosso ADN, desde a fundação, em 1966, quando começámos por ser uma empresa de recauchutagem de pneus, com o grande foco para os camiões, primeiro a quente, e a partir de 1989, a frio e que mantemos até aos dias de hoje. Voltando ao mercado rodoviário, este ano vamos crescer e passámos a ser importadores para Portugal e Espanha da Fortune, de gama mais económica, que se junta à Goodride e à Semperit, que eram as nossas marcas-âncora para camião. Esta será a nossa grande aposta para o futuro.

Exclusividade que se estende agora à Fortune...
A Fortune entra nessa linha, com pneus preparados para economia de combustível, tal como os da Goodride. Ambos já se impõem pela qualidade. No que assentam os nossos princípios e sabendo que o mercado nacional é pequeno, faz todo o sentido olhar para Espanha como uma evolução natural da empresa, com distribuição de toda a gama de produtos.
Passamos a estar em Espanha, em turismo, 4x4 e comercial, em camião e agrícola. Mas a grande novidade desde 2023 – consideramos mesmo uma grande novidade –, é o facto de a S. José ter passado a ter dimensão ibérica em todas as gamas de pneus. É um desafio muito importante, mas queremos levá-lo a bom termo, de forma a podermos olhar para o futuro com otimismo.


E onde entra a Goodride?
A Goodride tem uma nova gama para pesados. Estamos a falar do maior fabricante de pneus da China e o quarto maior do mundo. Para além da qualidade intrínseca, os pneus têm uma largura de banda de rodagem e profundidade acima da média, que nada têm a ver com a caraterização que deles se faz, por serem mais baratos. Não é um pneu de preço, mas sim de qualidade, e tem grande capacidade para recauchutagem. Há muito tempo que já estamos no top 10 da península. Espanha representa quatro, cinco vezes o nosso poder de compra, o que significa bastante em escala. Passo a passo, temos vindo a criar uma boa presença, de forma orgânica e sustentada. Estamos em Espanha há 12 anos, sempre com ética, coerência e profissionalismo.


Então e a sustentabilidade, onde entra para a S. José Pneus?
Não é apenas uma palavra em voga para a S. José, uma vez que a empresa também reclama a sua quota parte no processo de descarbonização. Por ocasião dos 55 anos da empresa iniciámos um processo de autoprodução de energia elétrica com painéis fotovoltaicos, tanto no armazém central como na fábrica de recauchutagem.
“Não só consumimos o que produzimos, mas também devolvemos à rede o que não necessitamos. É a nossa forma de contribuir para a sustentabilidade.
O próprio facto de recauchutarmos também já é um contributo para essa redução de emissões de CO2. A responsabilidade social também por aqui é seguida e muito acarinhada...
Este ano, pela terceira vez, vamos atribuir a Bolsa de Mérito a jovens que vão entrar na Universidade e cujas famílias têm dificuldades económicas. Através do Lions Clube de Cantanhede, apoiamos o Banco de Leite onde damos apoio às crianças e suas mães com dificuldades económicas. Apoiamos a Associação Acreditar, para famílias com crianças com doenças cancerígenas, a obra do Frei Gil, aqui da região, a quem patrocinámos a instalação de janelas energeticamente eficientes.
Atribuímos também uma bolsa de estudos, destinada aos filhos dos colaboradores que ingressem no ensino superior. Temos a sensibilidade e a responsabilidade sociais e fazemos a nossa parte como empresa, apoiando a comunidade local.

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S. JOSÉ PNEUS TEM
Em turismo, a S. José trabalha com todas as marcas premium: Michelin, Goodyear, Continental, Bridgestone, Dunlop, Pirelli, Yokohama, Mabor, BFGoodrich e Firestone.
Para o segmento dos camiões, abastece essencialmente com a Semperit, como marca quality, com a Goodride, que se encontra entre os níveis quality e budget, e com a Fortune, um pouco mais económica. Todavia, não deixa de ter todas as outras marcas.
No formato agrícola, vende a BKT em exclusividade, em Portugal e em Espanha. Diz Luís Aniceto que a empresa tem de tudo para todos, a começar pela construção e engenharia civil, mas também para minas e portos. Tudo o que é veículo de quatro rodas, a S. José tem, mesmo de marca e medida difíceis. Sem venda direta nas instalações de Cantanhede, a S. José privilegia as casas de pneus como canal de vendas, a não ser no caso das frotas. Em 32 mil m2 de área de armazenamento, a S. José tem 250 mil pneus em stock, conta com mais de 70 colaboradores e dispõe de 25 cais para recolha e expedição de produto.

In Revista Eurotransporte n.º 135


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