"Para cada problema há uma solução"
As palavras são de Nuno Durão, proprietário da Pro4Matic, o principal distribuidor da Arnott em Portugal.
Aos 16 anos decidiu ir viver para Espanha; aos 19 deixou de fazer planos a longo prazo; aos 26 criou a empresa importadora de suspensões pneumáticas Pro4Matic; aos 34 é o principal distribuidor da Arnott em Portugal e aos 45 pensa reformar-se. Nuno Durão é, nesta edição, a «Figura Mais» e nas próximas linhas vai perceber porquê.
Não tolera a ocultação e desonestidade, não gosta de errar e muito menos de ser "chamado à atenção". Considera-se uma pessoa "fora-da-caixa", perspicaz e ansiosa "no bom sentido, pois a ansiedade ajuda-me a atravessar as adversidades".
Apesar de ainda jovem, Nuno Durão tem uma vasta experiência no aftermarket. O traquejo que ganhou em áreas tão diversas como o sector imobiliário, informática e design, tornaram-no o líder que é hoje, de mente aberta e olhar no futuro. Nascido e criado em Coimbra, foi a mulher que o «levou» até Montemor-o-Velho e hoje tem "a vida que sempre quis". Diz que gosta de "falar com as pessoas" e foi com uma voz serena, calmo e confiante, ao som de música lounge e chill ("The Sound You Need", se o nosso ouvido não nos engana), que nos concedeu esta entrevista, num dia de semana, que, como tantos outros, começou às 7h na Quinta do Monte Redondo, onde vive, tem um projecto de turismo e é (por enquanto) a sede da Pro4Matic.
Embora resida e trabalhe no mesmo local, afirma que tenta cumprir o horário "à risca", apesar de não escolher sítio para "pensar, criar e inovar, para não me sentir estagnado". Com a equipa faz brainstormings "relaxados e sem compromisso" no jardim, pois considera que é assim que, muitas vezes, se resolvem problemas e surgem boas ideias. É com essa máxima que tem regido a vida e foi precisamente assim que nasceu a Pro4Matic. Após uma fuga num pneumático de um carro e sem ficar satisfeito com as informações que lhe deram sobre como resolver a situação, pesquisou e conheceu a Arnott nos EUA, de onde encomendou o que precisava. Daí a começar a importar para Portugal foi um pequeno passo: "Os problemas existem mas para cada problema há uma solução".
Na juventude, não sonhava com o que queria ser "quando fosse grande", mas já ambicionava ser empresário e criar algo. Influência talvez do avô, alfaiate de renome, que faleceu tinha Nuno apenas 5 anos. Embora o empresário nunca tenha, por isso, vestido um fato confeccionado pelo avô (que recorda de olhos brilhantes de emoção e saudade), tal como ele, queria que algo saísse das suas mãos, feito à medida de quem precisasse.
Não esconde que quando começou no aftermarket, tal como uma criança, "teve que aprender a ler e a escrever" mas foi a sua visão "de fora" e uma forma diferente de estar no mercado que distinguiu o posicionamento da empresa, ao direccionar-se para os profissionais mas também para o consumidor final, parte interessada em resolver o problema e, muitas vezes, neste meio, relegado para segundo plano. "Como consumidor final gosto de ter acesso à informação e acho que as empresas são o nosso espelho" afirma. Isso, aliado a uma política de transparência e de não fazer promessas que não podiam cumprir foi a «fórmula» de Nuno Durão para que a Pro4Matic se conseguisse afirmar no nicho de mercado que é o das suspensões pneumáticas. A pouco tempo de celebrar uma década, o crescimento continua e o empresário acredita que tem ainda muito para dar: "Somos ainda um diamante em bruto".
Aficcionado das novas tecnologias (e também por isso a grande aposta da empresa na Internet, com um site "forte", com diversas funcionalidades), Nuno Durão é um auto-didacta, ávido de informação. "Gosto de evoluir como pessoa e na forma de fazer as coisas". É por isso que não se imagina, dentro de 10 anos, a fazer o mesmo da mesma forma. Aliás, daqui a 10 anos já se imagina reformado! Isso se o plano não "sair ao lado". Habituado a ver o pai planear tudo ao pormenor, sempre que também o fez, as coisas não correram como desejado e por isso deixou de pensar muito a longo prazo. Acostumado a gerir pessoas, afirma que não controla os funcionários. A que horas saem ou entram não sabe, o que importa "é não falhar" com os clientes. Defende que um líder tem que saber fazer de tudo na empresa, dar a cara para fora e fazer a ponte com os de dentro. Embora faça tudo isso, prefere ser considerado "um colega de trabalho", que, contudo, tem outras responsabilidades, no fundo, "um líder porreiro!", acaba por se definir, bem disposto. Até porque, trabalhar significa "fazer as coisas com prazer."
Vestir fato e gravata só mesmo quando "tem de ser", mas não é por isso que dá menos atenção à imagem: a sua e a das empresas que gere e que considera como filhos. E por falar em filhos, uma menina de 5 anos e um menino de 2 enchem a casa do empresário de alegria e das típicas traquinices, distraindo-o das preocupações do dia-a-dia mas sendo, ao mesmo tempo, "fonte de inspiração". Com o telemóvel ligado durante 24h, na companhia deles tenta não atender chamadas de trabalho, embora nem de férias consiga "desligar das empresas por completo".
Fã de desportos radicais, o espírito aventureiro dos tempos livres acaba por se estender aos negócios (prova disso foi a criação das duas empresas em 2009, plena época de crise). Teimoso e orgulhoso "do que construí com o meu trabalho", considera-se competitivo, em particular "comigo próprio!". Ainda que"não ligue a futebol" gostava de conhecer Cristiano Ronaldo e felicitá-lo por ser alguém "com enorme força de trabalho, que luta pelos seus objectivos". Diz que não vive sem paz e é o bem-estar de quem o rodeia que lha transmitem. "Até de si! Se estiver tranquila, eu também estou". A boa conversa e o remix de Kygo como banda sonora de fundo, confessamos que ajuda... Mas é hora de mudar de local. Embora a nossa entrevista com Nuno Durão tenha sido realizada na idílica Quinta do Monte Redondo, não poderíamos deixar de visitar as futuras instalações da Pro4Matic a pouco mais de um quilómetro.
"Sabedoria é saber fazer, mas virtude é fazer". Esta é uma frase que Nuno Durão usa com frequência. O crescimento futuro da empresa e o aumento do número de funcionários da Pro4Matic, quando passarem para a nova sede, são mais uma prova disso. Localizado no Parque Industrial de Montemor-o-Velho e embora ainda em construção (cuja obra Nuno visita diariamente), o novo edifício é já a «menina dos olhos» do CEO, que em breve o vai deixar voltar a fazer algo tão simples e de que tem algumas saudades: "conduzir de casa para o trabalho". Quem sabe se até de mota, outra das suas paixões. Quanto a nós, despedimo-nos de Nuno Durão e da vista do baixo Mondego, e regressamos, de carro, à redacção da Eurotransporte. A playlist do "The Sound You Need", vai fazer-nos companhia na viagem.