Conexões ferroviárias entre Portugal e Espanha em discussão

17 janeiro 2023
3min.

Esta terça-feira, na Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) a manhã foi dedicada à discussão sobre as necessidades atuais das ligações ferroviárias ibéricas e o seu desenvolvimento futuro.

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Nuno Pinto de Magalhães

Nuno Pinto de Magalhães, vice-presidente da CCIP

Abriu o encontro Nuno Pinto de Magalhães, vice-presidente da CCIP, que referiu a necessidade de promover este debate num setor crucial para o país. Lembrou que Portugal está muito atrasado nesta matéria, sendo as ligações entre Portugal e Espanha muito pobres, mas congratulou-se pelo facto de o Plano Ferroviário Nacional ser uma das bandeiras do atual governo.

Miguel Seco Fernandez - pres CCI LE

Miguel Seco Fernandez, Presidente da Câmara do Comércio da Indústria Luso-Espanhola

Seguiu-se Miguel Seco Fernandez, Presidente da Câmara do Comércio da Indústria Luso-Espanhola, que começou por dizer que entende a prioridade do eixo Lisboa-Porto no contexto português, defendendo ao mesmo tempo que há muitos projetos igualmente necessários de colocar em cima da mesa, como o caso de Lisboa-Madrid "onde demoramos hoje mais duas horas do que há vinte anos! É preciso trocar de comboio três vezes". Para tal, "nem sequer é preciso falarmos da linha de alta velocidade, bastaria melhorar as conexões entre a Península Ibérica, para juntos termos mais força na Europa", concluiu.

António García Salas

António García Salas, Sudoeste Ibérico en Red

Já António García Salas, do Sudoeste Ibérico en Red, salientou que houve efetivamente avanços na infraestrutura ferroviária nos últimos anos, mas continua a ser necessário um conglomerado de infraestruturas, que inclui não só a ferrovia, como a rodovia e diferentes outras conexões, como as digitais para promover o desenvolvimento do Corredor Sudoeste Ibérico. García Salas apresentou vários dados estatísticos relativos à economia ibérica, mostrando que estamos consideravelmente longe das economias mais desenvolvidas na Europa, muito por culpa de estratégias individualizadas de governação por parte de Portugal e de Espanha, "cada um olhando para seu lado".

O orador fez as contas aos passageiros que anualmente se deslocam entre Lisboa e Madrid tanto por avião como por comboio e demonstrou aos presentes que, se houvesse uma alternativa viável ferroviária, muitos seriam os que optariam por fazer essa viagem sobre carris, preterindo o avião.

Além disso, García Salas lembrou que atualmente se está ainda a discutir em Portugal planos ferrovários aprovados em Resolução de Conselho de Ministros há quase 20 anos, como a alta velocidade, ao invés de nos prepararmos de forma estratégica e concertada para enfrentar grandes desafios como as candidaturas à organização do Campeonato do Mundo de Futebol em 2030 ou os Jogos Olímpicos em 2036.

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Mesa-redonda

A sessão terminou com uma mesa-redonda dedicada ao tema "Necessidades, Desafios e Perspetivas das Conexões entre Portugal e Espanha no Horizonte 2030”, composta por Miguel Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal, Alberto Castanho Ribeiro, administrador da B-Rail (Grupo Barraqueiro) e Raul Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Logística, com moderação de António García Salas.


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