A mobilidade elétrica foi a debate em Braga

24 julho 2024
6min.

Experiência do utilizador, gestão de informação e a necessidade de adaptação de infraestruturas foram centrais na conversa promovida pela CTW Talks

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O impacto da eletrificação das cidades nos transportes, as redes de carregamento elétrico e a adaptação das infraestruturas ao paradigma da mobilidade elétrica foram os principais pilares discutidos, em Braga, na segunda itetração das CTW Talks. À Critical TechWorks juntaram-se os Transportes Urbanos de Braga (TUB), a EDP e o Grupo Brisa/Via Verde. Esta iniciativa, que teve assim a sua segunda edição nos escritórios bracarenses da tecnológica portuguesa, colocou o holofote na evolução da mobilidade elétrica e nos principais desafios a serem ultrapassados para a sua completa integração nas nossas cidades e quotidiano.

Juntaram-se à conversa com Pedro Vieira da Silva, chief technical titan na Critical TechWorks, João Marques, diretor do departamento de engenharia e equipamentos dos TUB, Gonçalo Castelo Branco, diretor de mobilidade inteligente na EDP Comercial, e ainda João Oliveira, administrador da Via Verde. Uma das principais conclusões firmou-se à volta da relação da tecnologia com as redes de carregamento, a experiência do utilizador e a sua relevância para o sucesso na adoção de veículos elétricos – desde a facilidade do acesso a mais postos de carregamento a um ecossistema de mobilidade mais bem conectado, que priorize uma gestão de informação otimizada e uma utilização mais eficiente de energia.

A reflexão introdutória passou por um estado-da-arte sobre a mobilidade elétrica, dando uma perspetiva sobre como esta tem vindo a evoluir e onde estamos hoje. Para o orador da Critical TechWorks, Pedro Vieira da Silva, “esta não é uma resposta fácil. O estado atual é difícil de definir porque é uma das áreas em maior evolução e tem novidades quase diárias, com todos os fabricantes a investir e a tentar trazer novos produtos e soluções. Ainda assim, fundamentalmente existem três grandes áreas onde a mobilidade elétrica está a ser afetada: a legislação, o comportamento dos consumidores e a vontade de se mover para o elétrico, e o avanço da tecnologia dos pontos de vista da experiência de condução”.

O papel dos transportes públicos

João Marques, dos Transportes Urbanos de Braga, explorou como as cidades estão cada vez mais eletrificadas e qual o impacto desta transição a nível dos transportes e planeamento urbano. Na sua visão, “a União Europeia está com metas claras e ambiciosas para a redução drástica de gases com efeito estufa, e o setor dos transportes públicos tem um papel importantíssimo. Contamos já com 43 viaturas elétricas de um total de 160, e a nossa mobilidade elétrica já representa mais de 30% dos quilómetros totais. Isto são praticamente 2 milhões de litros não consumidos e respetivas emissões de gases de estufa desde o início da operação elétrica. Os TUB têm como objetivo que 90% da frota e da quilometragem sejam limpas até 2030: este é um caminho que temos traçado e com objetivos e investimentos planeados, é uma aposta muito forte e para manter.”
O segundo tema focal da tarde recaiu sobre infraestruturas de carregamento e os principais desafios na criação desta rede. Na sua intervenção, Gonçalo Castelo Branco, da EDP Comercial, afirmou que “o tema do carregamento surge normalmente quando se adquire um carro elétrico, e muitas vezes antes de o fazer; de facto, é um paradigma novo. Normalmente associa-se o carregamento à via pública, disponível e em locais de conveniência, mas também é muito importante o carregamento chamado privado, que ocorre na empresa ou em casa. Na Europa, uma percentagem elevada dos carregamentos acontece nestes contextos. Diria que está a haver uma aceleração: temos na EDP mais de 2600 pontos contratados na via pública e é essencial haver oferta para os vários tipos de necessidade – seja, por exemplo, nos municípios, porque muita gente não tem garagem ou local privado para o fazer, e depois, claro, em pontos para deslocações mais longas e dar essa segurança ao utilizador.”

Infraestruturas rodoviárias

O tópico final de discussão foi encabeçado por João Oliveira, da Via Verde, e debruçou-se sobre a necessidade das infraestruturas rodoviárias existentes de se adaptarem ao novo paradigma da mobilidade elétrica. Quanto a isto, adiantou que “é óbvio que sim, as infraestruturas têm que se adaptar. Há também um ponto relevante que é a educação do utilizador, que se prende com as comparações feitas com os carros a diesel; a gestão das infraestruturas é muito importante para transmitir essa confiança ao utilizador. Para tentar fazer isso mesmo, da parte da Brisa, de Valença ao Algarve, há pelo menos uma infraestrutura de carregamento por área de serviço”.

As CTW Talks surgiram com o objetivo de discutir o futuro da mobilidade a partir do que é feito em Portugal, unindo vários intervenientes do setor. Esta foi a segunda de quatro iterações previstas para o ano de 2024.

PR


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