Em termos globais, o sistema portuário comercial nacional movimentou mais de 85,3 milhões de toneladas de mercadorias, um decréscimo de ‑5,6% face a 2018. Deste valor, 81,9 milhões de toneladas foram registadas no Continente, o correspondente a 96%, 1,2 milhões de toneladas na Região Autónoma da Madeira e 2,2 milhões de toneladas na Região Autónoma dos Açores.
Enquanto regulador económico independente, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes elabora anualmente um relatório sobre o “Tráfego Marítimo de Mercadorias no Contexto da Intermodalidade”, cujo objectivo é o de aprofundar o conhecimento do ecossistema que constitui o objecto da sua actividade, traçando o retrato do ano e mencionando quais as tendências e os desafios do comércio internacional.
Neste relatório, referente ao ano de 2019, é feito um retrato actualizado do ecossistema marítimo-portuário, contextualizado pela caracterização dos fluxos de mercadorias movimentadas nos vários modos de transporte, no âmbito do comércio internacional.
Segundo os dados apurados pela AMT, de acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a PORDATA e os operadores ferroviários, nos diversos modos e para os diversos tipos e natureza, no ano de 2019 foram movimentadas, pelos diversos modos de transporte (nomeadamente marítimo, rodoviário, ferroviário e aéreo), cerca de 243,9 milhões de toneladas de mercadorias, um valor inferior em -3,4% ao volume registado no ano anterior, tendo o tráfego nacional sido responsável por 60,4%, correspondente a 147,3 milhões de toneladas, 90,8% das quais foram processadas por modo rodoviário.
No mercado internacional o modo preferencial de transporte de mercadorias é, naturalmente, o marítimo, que registou em 2019 um volume de 72,7 milhões de toneladas, correspondente a uma quota de 75,2%.
No comércio internacional efectuado em 2019, independentemente do modo de transporte utilizado (que inclui, nomeadamente, ‘instalações de transportes fixas’ e ‘propulsão própria’), o tráfego de importação, que representou globalmente 61,5% do peso das mercadorias transportadas e 57,3% do seu valor, foi maioritariamente realizado em modo marítimo, que representou uma quota de 60,9% (-0,4% face ao ano de 2018) na dimensão peso e de 26,1% na dimensão valor. Já o transporte rodoviário, na dimensão valor, representou uma quota de 58,2% (+0,6% face a 2018), sendo de 31,8% em peso. Os modos ferroviário e aéreo detêm quotas residuais respectivas de 1% e de 0,1% da tonelagem transportada e de 0,6% e de 3,5%, cabendo aos outros modos ou a modos não discriminados, quotas de 6,2% e de 11,7%.
No tocante às exportações, o modo marítimo foi responsável por 49,5% do peso das mercadorias transportadas e 30,1% do respectivo valor, tendo cabido ao rodoviário respectivamente quotas de 42% e de 59,2%.
Considerando apenas o tráfego efectuado no ecossistema portuário do Continente, assinala-se um movimento total de 81,9 milhões de toneladas de mercadorias, valor inferior em -5,8% ao registado em 2018 e correspondente a quase -5,1 milhões de toneladas. Este desempenho global é muito influenciado pelo comportamento do porto de Sines, que regista uma diminuição de -5,4 milhões de toneladas (-12,2%), a que acresce a quebra de -253 mil toneladas da responsabilidade acumulada de Aveiro, Figueira da Foz, Faro e Portimão, anulando as variações positivas dos restantes portos, com destaque para Leixões e Setúbal, com acréscimos respectivos de +278,3 e +200,8 mil toneladas, a que se somam ainda Lisboa e Viana do Castelo, com +121,3 mil toneladas, no conjunto.
Em termos de quotas globais, o porto de Sines mantém a quota mais expressiva com 47,5% do total, tendo, no entanto, perdido a maioria absoluta ao recuar -3,5 pontos percentuais (pp), face à que detinha em 2018. Leixões aumentou a sua quota em 1,6 pp para 21,9%, sendo que Lisboa e Setúbal subiram +0,8 e +0,7 pp para 12,8% e 8,2%, respetivamente.
O transporte marítimo de mercadorias movimentadas nos portos do Continente em 2019, à excepção dos portos de Lisboa e de Setúbal que não disponibilizam esta informação, foi assegurado por operadores de cerca de 60 nacionalidades distintas, sendo que no tráfego internacional o maior volume foi afecto à Suíça, com uma quota de 25,2%, seguindo-se a Dinamarca, os Países Baixos e a Alemanha com 7,6%, 7,1% e 7%, respetivamente.
No tráfego nacional, Portugal mantém a 1ª posição como país de registo preferencial dos operadores deste tráfego, com 77,6% (embora o volume de mercadorias transportadas tenha recuado -3%), seguindo-se a Alemanha, com 5,7%, a Suíça, com 4,2%, e os Países Baixos, com 3,1%.
Segundo o relatório “Tráfego Marítimo de Mercadorias no Contexto da Intermodalidade” e considerando a tipologia definida na Directiva Marítima, o movimento de navios em 2019 foi caraterizado por um total de 10 452 escalas e uma arqueação bruta (GT) de cerca 204,5 milhões, traduzindo, face a 2018, um acréscimo de +1,2% e um decréscimo de -0,5%, respectivamente.
O maior número de escalas foi observado no conjunto dos portos de Douro e Leixões, com 24,4%, mais três escalas do que as registadas em Lisboa (também 24,4%), tendo Sines registado 20,2%, Setúbal 14% e Aveiro 10%.
O presente relatório, agora divulgado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, tem por base as estatísticas produzidas pelas administrações portuárias com jurisdição dos portos comerciais marítimos do Continente, no âmbito da Directiva 95/64/CE do Conselho da União Europeia (vulgo ‘Directiva Marítima’), definida pelo Eurostat, bem como a informação disponibilizada pelo INE em sede do Comércio Internacional de Bens e de Transportes e Comunicações, e ainda da Comissão Técnica do Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR).