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Soc. Com. C. Santos debateu a eletrificação de comerciais ligeiros

25 janeiro 2023
9min.

A Sociedade Comercial C. Santos promoveu uma conversa digital sobre a eletrificação dos veículos comerciais ligeiros. Infraestruturas de carregamento (privadas e da rede pública) e formação dos condutores são essenciais no processo, de acordo com os participantes.

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Com transmissão em direto nas redes sociais do concessionário Mercedes-Benz e smart, esta nova SocTalks contou com responsáveis de organismos e empresas com necessidades quotidianas de viaturas comerciais ligeiras. Com o tema “Desafios da eletrificação no transporte urbano de passageiros e mercadorias”, a conversa (que pode ser vista aqui) contou com a participação de Adelina Rodrigues (chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia), Pedro Correia (responsável de formação operacional da DPD Portugal), Tânia Monteiro (diretora de operações da Living Tours) e Aquiles Pinto (relações públicas da Sociedade Comercial C. Santos). Foi moderada por Carlos Moura, jornalista e representante português no júri dos prémios International Van of the Year e do International Pick-Up Award.

Liderar caminho

A Câmara Municipal da Maia tem como meta a descarbonização do território e, portanto, a frota de viaturas é uma das prioridades. “No ano que passou convertemos 60% da nossa frota para elétrica. Conseguimos poupanças grandes face à frota anterior e as autonomias são suficientes para o tipo de atividade que desenvolvemos, até porque acontece sobretudo dentro do concelho da Maia. Esta opção tem resultados muito positivos”, explica Adelina Rodrigues.

A empresa de entrega de encomendas DPD tem em curso a integração de 55 unidades Mercedes-Benz eSprinter (com decoração diferente das viaturas a combustão ao serviço) na frota em operação em Portugal. O processo arrancou em 2022 e a empresa já efetua entregas 100% elétricas em Lisboa (códigos postais entre 1000 e 1900) e tem eletrificação parcial em 12 cidades do país. Está, além disso, em curso o alargamento a outras cidades portuguesas.

“Já conseguimos resultados muito interessantes, mesmo com algumas limitações que existiram em termos de prazos de entrega das viaturas e d as obras que tivemos de fazer em termos de infraestruturas. Para nós foi fundamental liderar esse caminho e começamos a ter esse retorno, quer dos clientes, quer dos destinatários. É gratificante ver que a eletrificação e das baixas emissões no last mile paga dividendos. Isso para nós é indicador de que este é um trabalho com pertinência”, indica Pedro Correia.

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O operador turístico Living Tours tem como objetivo avançar com a eletrificação da frota. Já o fez na atividade de tuk-tuks e prepara-se para integrar duas viaturas elétricas de nove lugares para os tranfers entre aeroporto e hotéis. “Não renovamos toda a nossa frota para os serviços mais longos, porque ainda existem algumas limitações em termos de carregamento, mas temos consciência que a poluição nos centros das cidades é um problema e temos de dar o nosso contributo rumo à sustentabilidade”, afirma Tânia Monteiro.

A quota de elétricos nas Mercedes-Benz em Portugal em 2021 foi de 20% nos automóveis e inferior a 10% nos veículos comerciais ligeiros, uma tendência que a Sociedade Comercial C. Santos acompanhou. “Os centros das cidades vão ter cada vez mais população e cada vez mais a qualidade do ar será importante. Do lado das marcas – nós somos um concessionário – cumpre ter oferta para dar a melhor resposta possível às necessidades do mercado. Isso está a resultar na eletrificação da gama disponível”, refere Aquiles Pinto. A mesma fonte considera que há margem para a procura de veículos comerciais ligeiros elétricos acelerar, até porque “a disponibilização da oferta de veículos comerciais foi um pouco mais lenta do que nas viaturas de passageiros” e os “incentivos fiscais à utilização” são menos neste segmento.

Autonomias sem problema após adaptação

A autonomia das viaturas não é um problema nestes operadores. Para isso foi, importante, porém criar as devidas infraestruturas de carregamento e prestar a devida informação aos utilizadores. “Temos locais específicos para carregamento e não temos registo de termos viaturas sem bateria, até porque os próprios utilizadores têm o cuidado de colocarem os veículos a carregar sempre que a carga está abaixo dos 50%”, explica a chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia. “Em seis meses, conseguimos colocar a nova frota em funcionamento e nunca nenhuma viatura ficou sem carga. E são 90 viaturas”. Sobre os utilizadores, Adelina Rodrigues indica que “no início houve alguma resistência”, mas que hoje a autarquia “não tem qualquer problema”.

Também o responsável de formação operacional da DPD Portugal fala em dois desafios: infraestrutura e o ceticismo de alguns utilizadores. Sobre a infraestrutura, a empresa dotou as instalações de carregadores (embora sublinhe que, em termos gerais da eletrificação automóvel, “há um desafio na infraestrutura, seja a nível empresarial, seja a nível dos particulares”). Sobre os utilizadores, Pedro Correia salienta a importância da formação. “Não podemos migrar um condutor de uma viatura com motor térmico para uma viatura elétrica sem lhe dar a devida formação. Isto porque grande parte da rentabilização desta tecnologia está no facto da maioria destas viaturas ter regeneração, o que permite que as viaturas carreguem em operação. É preciso ensinar a conduzir viaturas elétricas e temos resultados interessantes, de viaturas que chegam com autonomias superiores a 40% ao final do dia de trabalho, porque o condutor percebe a missão”.

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Carregamento público ainda é obstáculo

Quando a utilização de viaturas elétricas obriga ao carregamento em postos públicos a visão pode ser outra. Uma parte importante da atividade da Living Tours são os programas de visitas com uma distância e tempo um pouco maiores do que os transfers.

Isso é um obstáculo aos objetivos de eletrificação da frota da empresa, segundo Tânia Monteiro. “O nosso destino mais procurado é o Douro e no Douro movemo-nos em meios mais rurais, onde não há possibilidade de carregamento de veículos. Felizmente, já há muitas quintas no Douro que têm wallboxes de carregamento, mas estamos a falar de uma ou duas em cada quinta, o que não dá garantias de que consigamos carregar a viatura nos cerca de 30 minutos em que o nosso grupo está no espaço. Também em circuitos como Santiago de Compostela, Fátima ou Coimbra, não é fácil conseguir ter hipótese de carregamento”, diretora de operações da Living Tours.

Redução de custos energéticos

Apesar do preço das viaturas elétricas ainda ser superior ao de modelos a combustão equivalentes, todos os operadores indicam que há potencial de corte de custos energéticos. “Com a totalidade da frota antiga, tínhamos um custo anual de 300 mil euros em combustíveis rodoviários. Com a transformação, reduzimos o consumo de gasóleo em cerca de 50% e o de gasolina em mais de 60%. Além disso, a maioria das nossas viaturas é carregada em média tensão. Ou seja, em termos de custos conseguimos uma elevada poupança com a eletrificação da frota”, informa a chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia.

A DPD Portugal também acredita na redução de custos, muito mais se a fonte energética for própria. “Faz sentido o aproveitamento de energias renováveis nas nossas instalações, onde estamos a colocar painéis solares e outras tecnologias semelhantes. Será um ponto muito interessante das novas instalações que estamos a construir em Loures, que serão a nossa nova sede em Portugal e onde funcionará o depot de Lisboa. Se conseguirmos gerar a nossa própria energia, maximizamos a poupança”, afirma o responsável de formação operacional do grupo de entrega de encomendas no nosso país.

PR


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