O município do Barreiro e a NOS demonstraram, na quarta-feira (18 de maio), duas aplicações smart cities de tecnologia 5G: uma, de forma pioneira em Portugal, para a monitorização da mobilidade e outra, ainda em fase de implementação, na área de gestão de biorresíduos. À margem do evento, que decorreu junto ao Parque Empresarial da Quimiparque, o presidente da câmara municipal (CM), Frederico Rosa, afirmou que “é o início de uma nova cidade”, escalando as soluções e recuperando o histórico empreendedor do Barreiro.
Na cidade que já acolheu o maior complexo industrial da Península Ibérica (a Companhia União Fabril, ou apenas CUF), está a surgir um projecto que coloca o 5G ao serviço de uma gestão mais eficiente da cidade e dos serviços prestados aos munícipes. O projecto Barreiro 5G resulta de uma parceria entre o município e a operadora NOS, que fornece a cobertura 5G, e incide sobre duas vertentes, mobilidade e resíduos, ambas assentes na sensorização da cidade – seja das ruas, dos contentores ou dos veículos de recolha de resíduos – e no processamento dos dados em tempo real por uma plataforma NOS instalada no município.
Através de um sensor de imagem com capacidade de vídeo-analítica e conectividade 5G, é possível monitorizar o tráfego, nesta primeira fase, numa das áreas mais movimentadas do Barreiro, a ligação da Avenida Parque da Cidade à Praceta Arsénio Duarte. Trata-se de uma aplicação pioneira do 5G à monitorização da mobilidade urbana, permitindo aceder a dados como o número de viaturas e de peões ou os fluxos, e ainda alertar para situações irregulares (contramão, ultrapassagens em traços contínuos, inversões de sentido de marcha em locais proibidos, travessias fora da passadeira, uso indevido da ciclovia), mantendo o processo de tratamento de dados anónimo. Segundo os responsáveis, a solução poderá ainda ser alargada à detecção de incêndios e cheias, à contabilização de carros estacionados ou de lugares de estacionamento, à detecção de intrusos em zonas restritas, à existência de contentores do lixo abertos ou à acumulação de lixo junto aos contentores.
No caso dos biorresíduos, que serão os resíduos a estrear este projecto aproveitando uma candidatura do município recentemente ganha neste contexto, a solução de sensorização de contentores e camiões de recolha de biorresíduos com recurso a 5G irá permitira optimização da gestão dos sistemas, das rotas e das equipas de recolha. Ao perceber-se o nível de enchimento dos contentores e com a possibilidade de delimitar a região de recolha para se criar ou agendar a rota mais eficiente, a iniciativa tecnológica irá traduzir-se, de acordo com estimativas baseadas em soluções semelhantes noutras localidades, em poupanças de combustível na ordem de 20% e em redução de custos operacionais em cerca de 40%. Os dados processados pela plataforma darão ainda informação sobre indicadores como o número de quilogramas recolhidos por mês, o número de contentores existentes e a sua capacidade, o número de recolhas mensais, os tempos de recolha, os quilómetros percorridos e tanto os quilómetros como o combustível por tonelada.
Sublinhando o “desígnio nacional e até mundial” que a recolha dos biorresíduos representam, o presidente da CM do Barreiro, Frederico Rosa, afirmou, contudo, que o objectivo deste projecto, ainda em fase de implementação, é “escalar a outros resíduos”. “Esta solução de eficiência é escalável a todos os resíduos”, por exemplo à questão dos monos nas cidades com maior densidade urbana, como o Barreiro, acrescentou, em entrevista à Smart Cities. “Temos aqui o primeiro vislumbre daquilo que é a transformação digital, da informatização, mas sobretudo da transformação da vida das pessoas (…), indo ao encontro da cidade que queremos, uma cidade de inovação e de progresso”.