O Ano Europeu do Transporte Ferroviário celebra-se em 2021, mas o sector enfrenta uma das piores crises devido à pandemia de Covid-19, que restringiu muito o movimento de pessoas. Em 2020, a perda de receitas atingiu os 26 mil milhões de euros, sendo que a 90% dessa quebra (24 mil milhões) se verificou no serviço de transporte de passageiros e o restante no de mercadorias.
"Estou satisfeito por termos conseguido fazer com que a iniciativa "Descobrir a União Europeia", que até agora era apenas um projeto-piloto, seja combinada com o espírito do programa Erasmus. Isto significa que, todos os anos, cerca de 70 mil a 80 mil pessoas com mais de 18 anos vão ganhar um passe de Interrail grátis para usarem durante um mês. É algo que promove uma experiência comunitária, o intercâmbio cultural e a vontade de conhecer melhor a Europa", explicou István Ujhelyi, eurodeputado húngaro de centro-esquerda.
Do ponto de vista ambiental, o transporte ferroviário é dos menos poluentes, logo um factor importante no novo Pacto Ecológico Europeu, que é o paradigma de desenvolvimento económico da União Europeia.
Aposta nas viagens nocturnas de longo curso
As viagens noturnas de longo curso serão uma grande aposta para os próximos anos, multiplicando ligações como a que existe, por exemplo, entre Viena, na Áustria, e Bruxelas, na Bélgica. "Se optar por um comboio noturno, o viajante evitará levantar-se de madrugada para apanhar um voo. Por exemplo, ter de acordar às 4h00 para ir ao aeroporto apanhar um voo às 7h00. De forma mais relaxada, pode apanhar o comboio à hora de jantar, ou logo após o jantar, e descansar ou preparar o trabalho para o dia seguinte, dormindo depois confortavelmente no comboio. Vai acordar na manhã seguinte próximo do seu destino e poderá começar o dia mais revigorado”, disse Elmer van Buuren, empresário envolvido no projeto European Sleeper.
Para rentabilizar o serviço, os operadores gostariam que se abolisse a taxa de uso de infraestrutura ferroviária no serviço noturno de longo curso. O preço dos bilhetes seria mais atraente para os passageiros.
“O comboio é, na verdade, um dos poucos meios de transporte que tem de pagar uma taxa extra por quilómetro para poder usar a infraestrutura. Os comboios noturnos são financeiramente muito atingidos por esse modelo, porque já têm de pagar muitos custos ligados às infraestruturas", argumentou Elmer van Buuren, em entrevista à euronews.
A Comissão Europeia quer criar o chamado "espaço ferroviário europeu único", que ajude a dinamizar as viagens entre os Estados-membros para os níveis das décadas de 70 e 80 do século XX.