Associação Profissionais ao Volante - Em prol do motorista
Com pouco mais de um ano, a Associação Profissionais ao Volante tem como principal objectivo criar parcerias e fomentar a formação entre os profissionais do sector dos transportes.
Noutros tempos, antes da era tecnológica, combinavam-se encontros, discutiam-se ideias e formavam-se opiniões através do passa-palavra. Hoje em dia a realidade é outra e, com as redes sociais, torna-se mais fácil interagir, mesmo com pessoas que estão a quilómetros de distância. Foi através destas novas ferramentas, mais especificamente do Facebook, Whats’App e Zello que, em 2016, foi criado o grupo Motoristas Lusitanos que, um ano depois, deu origem à Associação Profissionais ao Volante (APV).
Quando o projecto Motoristas Lusitanos foi fundado houve “uma aposta na vertente social, fomentando actividade através dessas três plataformas virtuais e realizando convívios em Toronto (Canadá), Paris (França) e, o mais emblemático, em Braga”, explica Filipe Pinheiro, presidente da APV, afirmando ainda, com orgulho, que são “actualmente o maior grupo de motoristas nacional”. Quando questionados sobre qual seria o passo seguinte, “o projecto associativo era o seguimento necessário e adequado”.
Foi então que se definiu como “objectivo criar uma instituição com amplitude geográfica e com representantes de todos os agentes do sector e derivante”. Criada em Dezembro de 2017, a APV assenta em “pilares claros de parcerias estratégicas e aposta na formação, informação, tecnologia e, mais importante que tudo, garantir o carisma e paixão que tanto definem a profissão de motorista”, garante Filipe Pinheiro.
Evoluir através da formação
Com tudo isto em mente criou-se um “modelo que visou preencher as lacunas detectadas nas formações obrigatórias e realizamos formações práticas profissionais, em parceria com a Paraform”. O presidente da APV salienta os “resultados muito positivos em Braga, Mangualde e Batalha com os módulos de amarração de cargas, socorrismo, manuseamento de material de protecção de incêndio, gestão de stress em situações de risco e esclarecimento de dúvidas em questões legais e laborais”.
Em Setembro de 2018, depois de apresentados resultados práticos, criou-se o cartão de sócio e, em Janeiro deste ano, já se tinha ultrapassado a barreira dos 200 associados.
Para além de terem participação directa nas actividades realizadas pela associação e de poderem esclarecer dúvidas e ter aconselhamento jurídico gratuitos, os sócios da APV “dispõem de uma rede ampla de benefícios directos em empresas e instituições no sector da saúde, onde se destaca o protocolo com a SANFIL; áreas de serviços e restaurantes com parque TIR; empresas de educação, formação e de tecnologia em todo o país”, enumera Filipe Pinheiro. O presidente enfatiza que “os sócios têm dado um feedback fantástico e alimentam a nossa vontade e determinação em fazer algo diferente”.
Qual o futuro?
Com pouco mais de um ano de existência, os objectivos da APV passam por concluir os quatro projectos a que se propuseram:
- em parceria com a PaRaForm, credenciar o modelo de formação criado pela Associação;
- Criar uma rede ainda mais ampla de parceiros estratégicos de forma a garantir benefícios directos aos associados nas despesas básicas e correntes;
- Em parceria com a Câmara Municipal de Braga e com a Investbraga, realizar o maior evento do sector, a Feira dos Transportes Nacional, aproveitando o Altice Fórum, para demarcar esta actividade destinada a todos os participantes;
- Incluir uma aplicação móvel que vai garantir uma forma mais fácil e eficaz de aceder a várias informações.
Ainda assim, Filipe Pinheiro assegura que “obviamente, não estagnamos no tempo e novos desafios surgirão”.
Os desafios do sector
Filipe Pinheiro, presidente da Associação Profissionais ao Volante, trabalha há quatro anos no sector do transporte de mercadorias e deixa aqui a sua análise do sector.
“Vejo a actualidade com alguma preocupação e reticência. As mudanças recentes com o impacto acentuado na realidade dos transportes torna necessário um trabalho de pinças de forma a garantir que o sector mantenha o desenvolvimento. A evolução tecnológica e o choque de gerações será o primeiro obstáculo e origem de alguma discórdia no debate de ideias. A introdução do novo Contrato Colectivo de Trabalho, reformando uma convenção que tinha 25 anos a vigorar, obrigatoriamente não seria pacífica, pois não é fácil mudar usos e costumes tão enraizados num quarto de século. Esta situação, na minha opinião, ainda se agrava mais quando o sector dos transportes não se une a uma só instituição representativa, quer na parte dos motoristas, quer na parte das entidades patronais, tornando-se impossível criar documentos que agradem e que sejam aprovados por tantas entidades. Infelizmente, é a realidade do país. A facilidade com que se criam empresas e instituições de representação é grande e só prejudica o bom funcionamento da actividade, impedindo que nos identifiquemos com representantes competentes e capazes. No meio disto tudo, uma aumento crescente da necessidade de mão de obra e falta de acções que inspirem gente nova a entrar neste sector. Enquanto não houver uma entidade que assuma a obrigação de garantir a subsistência das empresas com uma actividade de concorrência positiva, o motorista será sempre o agente do sector mais prejudicado”.
*Texto originalmente publicado na Edição n.º 109 da Revista Eurotransporte