Teste Scania R520: Geração surpreendente
Frederico Gomes esteve ao volante do Scania R520 e conta-lhe todas as novidades desta nova geração de V8 do construtor sueco.
Quem leu o meu último artigo sobre o V8 da Scania (edição n.º 99), recorda-se de que na altura me queixei do facto de, durante a condução, dentro da cabine, ser necessário abrir a janela para ouvir a melodia do motor. Pois os técnicos da Scania também perceberam isso e resolveram tirar insonorização à cabine, para que a condução possa ainda ser mais eficiente. Tudo é importante, nomeadamente o escutar do motor durante a progressão do camião.
A Scania volta a surpreender tudo e todos ao lançar uma nova geração de motores V8 - 520, 580 650cv Euro 6 - que representam uma melhoria de consumos entre 7 e 10%.
Porquê um V8 numa altura que todas as marcas utilizam 6 cilindros em linha e lutam para obter motores mais eficientes? A Scania, com mais de 50 anos de experiência, é uma marca referência mundial no fabrico de V8, numa altura em que a tendência crescente da indústria dos transportes pesados é transportar mais tonelagem, aumentando o comprimento.
A Scania propõe, assim, aos seus clientes o que há de melhor e mais moderno no mundo dos camiões.
Novas alterações no motor V8
As melhorias incluídas na nova geração de motores V8 são um passo em frente, com reduções significativas ao nível da poupança de combustível, redução de peso, menores custos de manutenção e prazo de revisões mais alargado.
A nova geração tem por base o mesmo bloco de motor e a mesma configuração que a antecessora, mas as semelhanças acabam aí.
A alteração mais significativa é o facto de os colectores de gases de escape serem agora separados até ao turbo compressor, cujo lado da turbina é alimentado directamente a partir de duas direcções, desde os respectivos bancos de cilindros. O sistema é conhecido por Rotated Twin Scroll FGT Turbo.
Utilizar a redução catalítica selectiva (SCR) apenas após tratamento dos gases de escape significa que este motor 520 V8 tem agora apenas uma unidade turbo de geometria fixa, que é mais robusta e leve do que um turbo de geometria variável.
O Turbo é montado directamente no bloco do motor, entre os bancos dos cilindros, proporcionando um ambiente de funcionamento estável à prova de vibrações.
Os grandes motores com potências relativamente baixas, podem ter problemas com o pós-tratamento, porque o motor aspira demasiado ar em relação ao excesso de calor gerado. Os engenheiros da marca resolveram este problema de uma forma simples e elegante no motor 520cv, graças a uma tecnologia inventada pelo engenheiro americano Ralph Miller nos anos 50. A utilização da árvore de cames com perfis especiais faz com que as válvulas de admissão se mantenham um pouco mais de tempo fechadas do que o normal durante a fase de compressão, o que significa que o motor aspira menos ar e deste modo consegue manter uma temperatura de funcionamento mais elevada, o que beneficia o sistema SCR.
A ideia de criar um motor que funciona segundo o sistema de Miller é um bom exemplo da capacidade da Scania para produzir soluções simples, que são uma mais valia para os clientes, já que reduzem significativamente os custos.
Caixa de velocidades GRS905R com travão contra eixo
A caixa de velocidades Scania GRS905R com retarder desacoplável está agora equipada com o travão de contra eixo integrado. A Scania está a introduzir um travão integrado do eixo secundário como equipamento standard nas caixas de velocidades Scania opticruise automáticas.
Juntamente com o software revisto para controlo do conjunto motopropulsor, o sistema de travão do eixo secundário estabelece a sincronização entre o veio intermédio e o veio principal de uma forma mais rápida, o que significa que a mudança seguinte engata quase automaticamente.
Utilizar um travão de eixo secundário juntamente com o sincronizador convencional não só reduz o tempo real para fazer a mudança de velocidade como também significa que a pressão do turbo pode ser mantida mais facilmente, por conseguinte o veículo engata a mudança seguinte com maior potência apesar de se sentir a caixa mais suave do que dantes. Esta característica permite manobras mais fáceis e a condução em estrada mais agilizada, incluindo o binário inicial de arranque.
Condução
A Scania foi muito feliz com o novo design das cabines. Tudo foi pensado na parte exterior em criar a menor resistência ao ar nomeadamente os deflectores laterais, os espelhos e as protecções laterais. No interior, a palavra de ordem é conforto. Tudo foi construído para que os condutores possam desfrutar de todo o conforto durante as horas de trabalho e descanso que passam dentro da cabine, como é caso disso o assento completamente ergonómico e ajustável a qualquer peso e altura.
Desta vez o nosso trajecto estava limitado a 1h30 de condução. Saímos do concessionário Scania em Alverca e entrámos na A1 em direcção a Vila Franca de Xira. De seguida fomos para o Porto Alto em direcção a Alcochete e fizemos o caminho de retorno. Foi um percurso bastante plano mas com muito tráfego, cujo objectivo foi testar até à exaustão o funcionamento (CCAP – Cruise Control Active Prediction).
O recurso ao Active Predition permite uma escolha entre 3 percentagens diferentes de redução de velocidade máxima. Este sistema fornece, através do GPS, a topografia exacta, portanto, calcula a redução de velocidade necessária antes de uma descida.
Está programado para fazer 14 segundos a 95 Kms sem marcar no tacógrafo e aqui notámos uma evolução nos sistema eco rol face a outros camiões da mesma marca. Num camião de 40ton, quando este entra em roda livre, é possível sentir as engrenagens da caixa a ficar desligadas da tracção. Enquanto desliza, às vezes em silêncio, sentimos, até, que estamos a planar. A cartografia ajuda muito esta situação antecipando todos os momentos de condução.
O nosso percurso teve uma duração de 1h20, média de 65,41kms/hora, numa distância de 88,21kms e um consumo de 23.40l/100.
Conclusões: Neste momento, os novos V8 da Scania não implicam maior consumo face aos motores de 6 cilindros usados pela grande parte dos fabricantes.
O universo dos transportes está a mudar. Actualmente, existem vários países com transportes de grandes dimensões e outros a estudarem a melhor forma de fazerem novas homologações. O caminho, na minha opinião, é por aí: maior eficácia energética, optimização da cargas transportada. A Scania viu aqui a oportunidade de construir um motor com muito binário e muito eficiente energeticamente para se adaptar à nova realidade emergente.
Travão de estacionamento electropneumático
O travão de estacionamento electropneumático, EP B, é operado através de um botão no painel de instrumentos.
Este botão controla o travão de estacionamento utilizando um sistema electrónico de ar comprimido.
Sistema Autohold
O sistema Autohold é mais um sistema de retenção em pendente (Hill Hold System) e mantém o veículo estacionário, sem limite de tempo, quando tiver sido travado até ficar imobilizado.
Quando o Autohold é activado, ouve-se se um clic e aparece um (P) verde no painel de instrumentos.
O factor «segurança» é uma preocupação constante da marca.
Assim, o travão de mão é accionado automaticamente quando:
- O cinto de segurança é desapertado;
- O veículo tenha estado travado durante muito tempo.
Se o Autohold estiver activado, o travão de mão solta-se automaticamente desde que estejam satisfeitos os seguintes critérios:
- A porta do condutor esteja fechada;
- O cinto de segurança esteja colocado;
- O motor esteja a funcionar;
- É engatada uma mudança e o pedal do acelerador é pressionado.
Novidades no cruise control adaptativo com todas gamas de velocidades
O cruise control adaptativo (AICC ) é uma função que aumenta o conforto e ajuda o condutor a manter um intervalo de tempo constante em relação aos veículos que seguem à sua frente. A nova funcionalidade para baixas velocidades alarga a gama de velocidade do AICC até a imobilização. A distância de paragem depende da distância fixada pelo AICC. Será feita uma reactivação automática se o veículo da frente acelerar no espaço de 3 segundos.
Após 3 segundos o condutor tem de premir o botão «resume» ou carregar no acelerador para reactivar a função. Ao parar, surge no painel de instrumentos um símbolo (AICC em espera), indicando que o veículo está parado com o AICC ainda activado.
A velocidade mais baixa que pode ser seleccionada pelo condutor é de 15 km.