Renault Trafic Spaceclass: Monovolume XL com direito a tudo
Num país onde os minibus são olhados com “desdém” pelo facto de serem carros de trabalho, com preços elevados e que não dão estatuto ao seu proprietário, ainda existem algumas marcas que tentam lançar produtos do género, mesmo sabendo que há dois modelos dominantes.
A Renault aposta na Trafic Spaceclass para entrar num mercado que em Portugal é marginal.
Num segmento de mercado muito reduzido e que é dominado pela Mercedes-Benz Classe V e pela Volkswagen Multivan, ainda existe quem tente «roubar» um lugar de acesso difícil. Depois de, em 2017, a Citroën e a Peugeot marcarem as suas posições com a Spacetourer e com a Expert Tepee, é a vez da Renault tentar com a versão mais luxuosa da Trafic um pedaço deste pequeno bolo.
Em Portugal, quem compra um automóvel com estas caraterísticas é porque realmente precisa dele para fazer transporte VIP ou Shuttles. Não vemos, infelizmente, como noutros países, famílias numerosas a apostarem neste formato de transporte, até porque é caro e porque paga classe 2 nas portagens. O domínio alemão neste mercado é tão grande que mesmo em França, no país do chauvinismo, basta chegar ao aeroporto de Paris para ver as Mercedes-Benz Classe V alinhadas para transportar os homens de negócios que chegam a todas as horas.
Lá dentro também há sinal das mudanças. Forros em todos os pilares e painéis, sete lugares forrados a pele (exclusivo do pack premium por mais 3900 euros), sendo que há duas poltronas à frente, mais duas na fila central, com base giratória, e um banco de três lugares na terceira fila.
Este bancos movem-se em calhas colocadas no piso, onde também pontifica uma mesa com duas abas, que pode ser rebatida a 100%.
A Renault diz que se podem fazer 50 configurações diferentes de bancos. O acesso é feito por duas portas laterais deslizantes (sendo a esquerda opcional por 830 euros) e ainda pelo interior do veículo que permite grande versatilidade.
Aberto o portão traseiro, encontramos uma bagageira generosa com uma chapeleira resistente que permite tapar as malas nela guardadas. Na versão L2, em ensaio, logo mais comprida, conta com uma volumetria de 1800 litros. O ambiente interior é intimo (os vidros são escurecidos) e profissional, até porque existem várias portas USB, cada vez mais indispensáveis, mas também verdadeiras tomadas de 220 V. À frente encontramos um volante forrado a couro, sistema de navegação, ar condicionado automático, cruise control e ainda câmara de marcha-atrás. Contudo, alguns destes elementos são opcionais, como o pack navegação R-Link que inclui sistema R-Link e Rádio MP3 com bluetooth e caixa de serviços com cartografia do país por 950 euros, ou ainda o sistema e ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro com câmara de marcha-atrás, sensores de chuva e luz e faróis de nevoeiro por 850 euros.
Debaixo do capot, a Trafic conta com o motor 1.6 dCi de 125 cv, o único disponível para esta versão no mercado português. Surge acoplado a uma caixa manual de seis velocidades de manuseamento rápido e fácil. De um automóvel com quase 5 m de comprimento não se pode esperar muito, a não ser conforto. Em bom piso, a Spaceclass rola bem, suave e serena, em mau piso o caso muda de figura. A suspensão não é tão célere a digerir os buracos como seria de esperar, e mesmo com o chassis longo, sente-se alguma firmeza no amortecimento. Os bancos, felizmente, minimizam esta sensação. Cá atrás, nas poltronas viaja-se bem, em bancos que nos seguram bem o corpo.
Quanto ao motor, os 125 cv sabem a pouco, até porque há uma versão com mais 20 cv deste 1.6 dCi mas que não se vende em Portugal. Ainda assim, a sensação de submotorização é amenizada pela caixa, muito bem escalonada que explora de forma ideal este bloco. Os consumos rondam, em média, os 8,4 l/100 km, a rolar dentro dos limites legais, subindo para lá dos 9 /100 km quando tentamos rolar acima da média permitida por lei.
A Spaceclass não terá vida fácil no mercado, até porque, como já foi mencionado, é difícil bater os dois players alemães que tomam a liderança. Têm ambos mais motor, melhor qualidade de construção e preços quase idênticos, ainda que esta Renault seja um pouco mais barata. Os preços arrancam nos 45 550 euros, mas a unidade ensaiada orçava em 52 008 euros.
Ficha técnica
Motor | Quatro cilindros em linha |
Cilindrada | 1598 cc |
Potência | 125 cv/3500 rpm |
Binário | 320Nm/1500 rpm |
Transmissão | Caixa manual de 6 vel. |
Tracção | Dianteira |
Suspensão | |
Dianteira | Independente, MacPherson |
Traseira | Eixo de torção com barra Panhard |
Travões | |
À frente | Discos ventilados |
Atrás | Discos |
Dimensões | 5399/1956/1971 mm |
Preço | Desde 45 550 euros |
Unidade ensaiada | 52 008 euros |
RC