Como a tecnologia pode melhorar a eficiência?
Os motoristas não se estão a desencorajar de uma carreira nas entregas de última milha, apesar de haver mais volume para transportar, mais responsabilidade e uma pressão contínua para entregar cada vez mais rápido.
Um estudo (1) divulgado recentemente com base em entrevistas a mais de 1200 motoristas de entrega de última milha em 11 países descobriu que 67% dos motoristas mudaram de emprego nos últimos dois anos (incluindo 42% só no ano passado). 71% citaram o aumento da pressão como principal motivo para justificar as mudanças de profissão. Isto advém de os volumes de entrega terem aumentado nos últimos cinco anos.
Com efeito, em média é entregue um pacote a cada seis minutos e meio nos países inquiridos. Nos EUA, por exemplo, os entregadores visitam uma média de nove locais por hora. 67% dos inquiridos indicou que agora têm de fazer mais serviços de entrega e recolha na mesma rota, no mesmo dia, portanto. Ou seja, o modelo de recolha para o armazém num dia e entrega no dia seguinte começa a ser insuficiente para as exigências dos consumidores. Com isso, os motoristas precisam de se adaptar a um desafio adicional: é preciso registar o objeto recolhido e manter a sua rastreabilidade até à entrega subsequente, tudo na mesma rota.
Adicionalmente, 66% dos inquiridos revelou que lhes são pedidas novas tarefas como a verificação de identidade dos destinatários, aquando da entrega, através de validação de um documento de identificação com fotografia. O estudo revelou, assim, uma força de trabalho esticada ao limite. À medida que as empresas de entrega inovaram e diversificaram as suas ofertas para responder às exigências do consumidor, os motoristas ficaram na linha da frente a sentir a pressão de assumir o novo papel que lhes é exigido. Paralelamente, veem aumentar o volume de encomendas e as expetativas de entrega rápida. Não é, por isso, de estranhar que quase 50% da força de trabalho que ainda permanece no setor tenha mudado de empregador nos últimos 2 anos.
As expetativas dos consumidores
Mas a pressão não recai somente sobre os motoristas, principalmente quando analisamos a tendência nas expetativas dos consumidores:
•2 dias mais rápido: O número máximo de dias que o consumidor está disponível para esperar por uma encomenda sem custos de entrega caiu de 5,5 dias em 2012 para 3,5 dias em 2022.(2)
•5.2% esperam entregas no próprio dia: excluindo entregas de restaurantes, os consumidores exigem que 5,2% das suas encomendas sejam entregues no próprio dia em 2022. Um crescimento desde 2016, altura em que o mesmo indicador era de 2,7%2.
•23% pagariam mais para terem algumas entregas no próprio dia, mas 70% preferem a forma mais económica.(3)
•63% abandonam um carrinho de compras online quando os custos de entrega são elevados.(4)
•Os volumes encomendados online desceram desde 2021 após a pandemia, regressando a níveis de 2019 na generalidade dos artigos. No entanto, o segmento de roupa e calçado regista uma queda mais forte do que antes da pandemia. Em contraciclo, o retalho alimentar regista valores acima de 2019, o que pode definir um novo normal mais elevado.(2)
•Oferecer uma opção de entrega em duas horas no próprio dia aumentaria a confiança e lealdade na marca, revelam 55% dos consumidores.(5)
Uma coisa é clara. O crescimento no comércio eletrónico e distribuição omnicanal, combinado com as expetativas do consumidor por uma entrega rápida e gratuita, estão a impulsionar o aumento da procura pela logística de última milha. Este é o estágio final da cadeia de suprimentos que traz as mercadorias que compramos online de um centro de transporte próximo para nossas casas e empresas. Esta última etapa da jornada de envio está a tornar-se a mais importante – e a mais desafiadora e cara. Se as empresas não melhorarem significativamente a sua eficiência, estima-se que a rentabilidade das suas operações decaia em 26% no espaço de três anos.(3)
Tecnologias na base da eficiência logística
As empresas que atingem a melhor performance logística conseguem reter os seus motoristas num setor com alta rotatividade. Conseguem reduzir as entregas erradas de pacotes ao cliente. Enfrentam o aumento de entregas com uma redução de consumos de combustível.
Conseguem fazer mais por menos. Na base deste sucesso estão tecnologias que potenciam a operação no dia a dia. Dedicam-se à melhoria do trabalho dos motoristas e à eficiência operacional da empresa. Consistem essencialmente numa aplicação de mobilidade para o motorista, e numa aplicação de otimização de rotas para a empresa.
•Uma aplicação de mobilidade para o motorista
Uma aplicação de mobilidade apresenta a sequência de entregas que o motorista deve realizar, bem como o percurso esperado que sigam.
Isto melhora a sua experiência de trabalho ao mesmo tempo que permite identificar e corrigir desvios prematuramente. Através de uma aplicação de mobilidade, o motorista pode conferir os objetos a carregar na viatura em armazém, lendo o seu código de barras automaticamente. Isto minimiza eventuais erros de carga. Também na entrega pode fazer o mesmo processo, garantindo que cada cliente recebe todos os seus objetos (e somente os seus objetos). Isto é particularmente importante para fazer face à crescente procura por serviços de recolha e entrega na mesma rota. Neste tipo de serviços o motorista está mais exposto a erros porque tem de fazer a carga num cliente e não no armazém, e essa mesma carga deve ficar arrumada de forma que possa sair mais adiante no mesmo percurso. Uma solução de mobilidade indica o local correto dentro da viatura para guardar tais objetos.
A crescente exigência por uma verificação de identidade do destinatário também é resolvida facilmente com este tipo de aplicações que fotografam e validam o documento.
As aplicações de mobilidade melhoram a eficiência de um motorista durante o seu percurso, facilitando o seu trabalho. Assim, ajudam a fazer com que um motorista tenha menor propensão a mudar de empregador ou mesmo de ramo de atividade ao longo do tempo. Endereçam diretamente parte do problema de retenção de motoristas por parte das empresas.
•Uma solução de otimização de rotas para a empresa
Se as aplicações de mobilidade são um instrumento fundamental para a eficiência e produtividade da execução de uma rota, os sistemas de otimização de rotas são fundamentais para o seu planeamento. Um sistema que seja capaz de receber as ordens e agrupá-las em rotas eficientes permite reduzir os quilómetros percorridos e, consequentemente, os consumos de combustível. As empresas que planeiam a sua expedição com esta tecnologia conseguem obter respostas em tempo real a vicissitudes de trânsito ou novas encomendas urgentes durante o dia. Perante a crescente necessidade de realizar entregas em duas horas ou menos, no próprio dia, os sistemas de otimização de rotas respondem consistentemente com as melhores decisões. Ao mesmo tempo, conseguem gerir o impacto na restante sequência de entregas entretanto estabelecida, minimizando eventuais atrasos.
Estas são as duas principais tecnologias em que as empresas líderes se baseiam para não perder rentabilidade na operação e fazer face aos desafios de um mundo em mudança pós-pandemia.
1 https://www.scandit.com/research-report-global-driver-report
2 https://insights.alixpartners.com/post/102ht0x/delivering-on-demand-how-many-days-is-too-many
3 https://www.mckinsey.com/industries/travel-logistics-and-infrastructure/our-insights/how-customer-demands-are-reshaping-last-mile-delivery
4 https://www.statista.com/statistics/379508/primary-reason-for-digital-shoppers-to-abandon-carts/
5 https://www.capgemini.com/wp-content/uploads/2019/01/Report-Digital-–-Last-Mile-Delivery-Challenge1.pdf