Pretendo abordar a para­gem ou estacionamento temporário motivado pela actividade profissional, comercial, da distribuição e da assistência técnica. Refiro-me em particular à paragem dos veícu­los profissionais usados nestas funções, em particular, veículos comerciais ligeiros, furgões, de caixa aberta ou fechada e de pe­sados de mercadorias.

A actividade profissional destes condutores exige, em muitos ca­sos, a paragem e estacionamento temporário em locais inadequa­dos e proibidos, em 2ª fila ou até em cima dos passeios. E se nalguns locais existem lugares de estacionamento reservados para cargas e descargas, nem sempre estão no sítio adequado às necessidades da tarefa a executar e outras vezes estão ocupados indevidamente. Por vezes, alguns são acompanhados de «ajudan­te» que auxilia nas manobras e nas diversas operações de carga e descarga.

No contacto que faço com as inúmeras empresas com que trabalho, noto que, na maioria, o estacionamento ou a paragem à porta dos clientes é um proble­ma que fica para resolver pelos motoristas. Apesar de nalgumas empresas existirem normas ou regulamentos relativos a cargas e descargas, é ao motorista que cabe a selecção do local de paragem e é sobre ele que recai o ónus do incumprimento das regras legais estabelecidas, no caso destas não serem cumpridas e haver lugar a autuação por agente policial.

Reconheço que este é um dos principais problemas relaciona­dos com a condução de viaturas de distribuição, aliado às dificul­dades do trânsito e aos atrasos que acarreta, ou às limitações de espaço de circulação, em es­pecial em zonas urbanas antigas, estreitas e sinuosas.

Então como deve seleccionar um lugar de paragem para efec­tuar uma entrega?

Ao seleccionar o local de paragem, deve começar por considerar os aspectos legais, conhecendo a sinalização e as regras: onde é per­mitido e onde é proibido. Deve considerar também, para além dos aspectos legais, os aspectos cívicos como a segurança dos peões e dos outros condutores, bem como com a forma even­tualmente incómoda como pára ou estaciona o veículo enquanto procede às funções profissionais que ali o levaram.

Ponha-se no lugar dos outros e pense em quem pode ser preju­dicado com a sua paragem ou com o seu estacionamento inade­quado. Pense como o peão com dificuldade de locomoção, com bengala ou muletas, ou apenas que segue com um carrinho de bebé, pense no peão que tem de sair do passeio e ir para a estrada porque o seu carro tapou todo o passeio ou a berma, pense nas crianças que ficam encobertas pelo carro que ficou parado antes de uma passadeira, pense naquele condutor que está com pressa e que vê o veículo bloqueado pelo seu carro que deixou parado em 2ª fila.

Por isso, quando procurar um local para parar o veículo da empresa para efectuar uma car­ga, descarga, visita comercial ou assistência:

- se existirem lugares ou locais próprios para cargas e descargas, utilize-os;

- se sabe que no local onde vai efectuar o seu serviço necessita de um espaço para parar o veículo, peça ao cliente para lhe reservar um lugar;

- seja paciente e procure um lugar «legal». Por vezes alguns metros atrás ou à frente do local onde tem de ir, existe um espaço onde pode parar o veículo, que mesmo não sendo adequado, possa não incomodar ou ser perigoso para os outros;

- sinalize o veículo, a carga ou as zonas de trabalho de forma a evitar perigo para os outros, para além das luzes, use cones ou outros sinalizadores visual­mente fortes.

E apesar de sentir que está a tra­balhar e que os outros «só estão a atrapalhar», procure interferir o mínimo possível com os peões e condutores pois muitos estarão também a trabalhar.

No entanto, se tiver de deixar o seu veículo por minutos num local que possa incomodar ou impedir a passagem, não o aban­done, deixe alguém no carro ou mantenha-se perto o suficiente para que o possam chamar ou informe as pessoas no local da­quilo que pretende fazer. Deixar apenas os 4 piscas ligados não vale de nada, só informa que o veículo não está definitivamente estacionado.

E deve evitar a todo o custo parar o veículo:

- Sobre passadeiras e antes delas, em especial se ficarem encobertas pelo seu veículo;

- Em locais que encubram inter­secções, saídas ou sinalização;

- Sobre o passeio, sem deixar pelo menos 1 metro de largura livre para a passagem dos peões;

- Impedindo a saída de veículos estacionados ou de garagens;

- Encobrindo portas e janelas de casas de habitação, em locais sem berma ou passeios;

- Impedindo a livre circulação de outros veículos ou de pessoas

*Texto originalmente publicado na Edição n.º 109 da Revista Eurotransporte

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